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24/12/2013
Natal: a mensagem contraditória de uma noite especial
A noite de hoje, 24 de dezembro, é envolta pelos sentimentos de congregação familiar e de solidariedade, pois é a véspera de Natal, uma das datas mais belas do calendário cristão. É certo que, no Ocidente, a sua dimensão espiritual tem sido atropelada pelo materialismo crasso de um consumismo desbragado, mas, nem por isso, deixa de continuar a sensibilizar as pessoas.
Neste ano, os aspectos mais genuínos da conotação cristã original ganharam relevo graças à figura surpreendente do papa Francisco, que não tem feito outra coisa, desde que foi eleito, do que espicaçar a indiferença e o comodismo dos que perderam os referenciais humanos. Ele recorda à humanidade inteira – sejam crentes, agnósticos ou ateus – sua origem e seu destino comuns, acentuando que a pessoa humana é portadora de uma dignidade que está além de toda medida.
Por cima das crenças, das ideologias e da cor da pele há a pessoa concreta, formada por um abismo de necessidades que avançam muito além da dimensão material e histórica, mas cujo patamar transcendente não pode ser alcançado egoisticamente, sem a abertura em relação ao outro.
Esta, também, é a noite na qual é quase impossível impedir que ausências definitivas se tornem mais doloridas. Reconhecê-las, no entanto, faz parte do humano e não há por que emparedar o sentimento de perda. Mas é nas águas da esperança que se dessendenta a saudade. E o que era ausência se transforma num encontro, às vezes, até mais pleno, pois não mais cerceado pelos limites do espaço e da temporalidade.
Nesta noite mágica, é possível deixar florir sentidos embutidos no recesso mais íntimo do coração, comumente sepultados pelo esforço frenético de fruir o momento fugaz que nos escapa a cada instante. Quais antenas parabólicas eles emergem no telhado de nossas almas e apontam seus sensores para as profundezas infinitas dos espaços interiores, abismando-se na beleza de um mundo ignoto que, na verdade, é a fonte de nosso ser e nos revela o mistério da unidade que habita o próprio coração da Criação
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Por isso, confraternizar (a despeito da realidade paradoxal de um mundo dilacerado) é, na verdade, nossa vocação verdadeira, tão bem expressa no simbolismo do nascimento do divino infante. Daí, ser sempre possível dizer: Feliz Natal.
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