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31/01/2012
191 mulheres mortas no Cariri em 11 anos
O ano começou com dois homicídios contra mulheres na Região do Cariri. As duas mortes, registradas nos dias 12 e 13 deste mês, reacendem o debate acerca da violência que atinge mulheres na região. Com os dois casos de 2012, o Cariri alcança a cifra de 191 assassinatos de mulheres - a maioria no âmbito doméstico e por motivações diversas - no período de 2001 ao primeiro mês 2012. A taxa de violência contra a mulher na região é considerada uma das mais altas do Nordeste. Encontrada morta no último dia 12, Maria José Rodrigues, 65, teria sido morta pelo filho, no Crato. O corpo foi achado em avançado estado de decomposição e o suposto assassino fugiu. No dia seguinte, Natália Coelho de Luna, 24, morreu no Hospital São Vicente, em Barbalha, oito horas após ter sido esfaqueada na garganta por uma adolescente que seria amante de seu pai. Para a vereadora e militante do movimento de mulheres no Crato, Mara Guedes (PT), a violência de gênero no Cariri faz parte de uma cultura deturpada que ganha força pela impunidade, falta de combate dos órgãos de segurança e a morosidade da Justiça. Mara diz que os homens se sentem ameaçados pelas mulheres. “Muitos se sentem donos dos corpos e da vida das mulheres e por isso acham que podem até matar”, destaca a parlamentar. Ela aponta que o machismo e a dominação fazem parte de uma “cultura do atraso, e isso deve ser combatido com políticas públicas, educação, e em determinados casos, com a força das leis e da Justiça”. “A impunidade é a cúmplice da violência”, aponta Francisca Alves da Silva, fundadora do Conselho de Defesa da Mulher do Crato. Para ela, se houvesse mais punições haveria menos violência. “A pessoa mata outra e depois fica solta, como se nada tivesse acontecido”, afirma. Falta Casa Abrigo Francisca lamenta o fato do Crato não ter ainda uma Casa Abrigo que possa acolher mulheres vítimas da violência. “Essa ausência da Casa Abrigo prejudica muitas mulheres que poderiam denunciar a violência e ter um espaço para ficar até poder reconstruir suas vidas”, destaca. Em Juazeiro do Norte, o conselho da mulher considera a violência mais grave no âmbito da família. “Essa violência não é apenas física. É psicológica, moral, atinge a mulher naquilo que ela tem de mais importante que é o sossego de seu lar”, aponta. Francisca Gregório diz que é difícil combater esse tipo de agressão pelo medo da denúncia. Na avaliação de Francisca, a violência “é resultado da falta de ajuste familiar, desequilíbrio e falta de políticas públicas de proteção às mulheres”. Segundo Francisca Gregório, a impunidade colabora com a violência. “Quando o agressor é punido fica com medo de repetir a agressão. Mas quando nada acontece, na maioria das vezes a violência retorna e com muito mais força”. Por quê ENTENDA A NOTÍCIA A violência contra a mulher se dissemina quando a impunidade impera. Há casos em que autores dos crimes continuam desconhecidos passada uma década. Delegacias especializadas fecham nos fins de semana. SERVIÇO Delegacia de Defesa da Mulher (Juazeiro do Norte)
Delegacia de Defesa da Mulher (Crato)
Saiba mais Homicídios contra mulheres em 2012 Maria José Rodrigues, de 65 anos, assassinada no último dia 12, foi encontrada embaixo da cama da sua casa, no Bairro Independência, em Crato. Investigações da Polícia apontam que ela teria sido assassinada dois meses antes pelo próprio filho, ex-presidiário e que já responde por crimes de lesão corporal, invasão a domicilio, danos ao patrimônio público e estupro. Um dia depois, Natália Coelho de Luna, de 24 anos, morreu no Hospital São Vicente, em Barbalha. Ela foi esfaqueada na garganta por uma adolescente de 17 anos, amante do seu pai, numa discussão em um posto de combustíveis na avenida Leão Sampaio. Fonte: O Povo Notícias anteriores
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