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18/03/2014
Ceará: Morticínio de jovens, remoção dos interesses que o alimentam

O assassinato de 772 pessoas, das quais 51% são jovens entre 15 e 29 anos, em apenas dois meses do ano (janeiro e fevereiro) é de causar estarrecimento em qualquer observador.

Mas, é o que aconteceu no Ceará, neste começo de 2014, segundo levantamento feito pelo O POVO com base em relatórios da Secretaria da Segurança.

Os números revelam uma catástrofe social e humana, não só por se tratar do extermínio de vidas humanas, mas por atentar contra o próprio futuro do Ceará e da Nação.

São cérebros e força de trabalho no auge do vigor, cuja extirpação constitui-se em desfalque irreparável no principal capital de uma sociedade: a sua juventude.

Se esses números fossem resultantes de alguma guerra em curso no planeta, certamente produziriam reações impactantes pela sensibilização inevitável dos corações e mentes antenadas com o vórtice da violência que varre o mundo e é tangida pela ganância dos que concentram poder e riqueza.

Na verdade, as vítimas sobre as quais nos referimos são imoladas igualmente no altar de um modelo econômico e social reprodutor das mesmas anomalias, no âmbito interno de nossa sociedade.

Esta prefere assistir passivamente a hecatombe, a mexer nas estruturas sustentadoras dessa distorção. Com isso não só o Ceará é prejudicado, mas a Nação.

Já passou do momento em que a sociedade inteira deve ser informada sobre as opções que tem diante de si para ver-se livre desse problema, pois é possível resolvê-lo.

Alguns terão de ganhar menos (pelo menos até que se estabeleça um novo equilíbrio), para que todos ganhem. Antes, é preciso que esses obstáculos sejam expostos aos olhos de todos e assim haja percepção da equação como todo. A partir daí, será a própria sociedade que definirá se quer seguir a receita recomendada, ou não.

Evidentemente, isso não se fará sem disputa, isto é, sem a resistência dos que ganham com a permanência da atual situação. São opções políticas claras que não podem ser apenas maquiagem de um jogo eleitoral.

Contudo, passa pelas urnas e pela mobilização dos setores que estão perdendo (sejam as camadas diretamente atingidas, sejam as que perdem indiretamente com o desassossego a que estão submetidas). Somadas, constituem a maioria da sociedade. Só que ainda não perceberam isso.

Fonte: O Povo

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