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09/11/2015
Transposição – O atraso dos municípios

Editorial do O POVO deste domingo (8) alerta para o descaso dos municípios que serão beneficiados pela transposição das águas do São Francisco, com relação à construção do sistema de esgotamento sanitário.

Confira:

Com a proximidade da finalização das obras da transposição do rio São Francisco, municípios cearenses beneficiados diretamente ainda não iniciaram a construção do sistema de esgotamento sanitário para evitar a poluição das águas a que terão acesso. Inicia-se uma corrida contra o tempo para suprir o atraso.

É espantoso que os prefeitos desses municípios – e os órgãos controladores – não tenham dado maior atenção a esse pré-requisito primário.

Se isso não for corrigido em tempo hábil, os benefícios imediatos da transposição poderão ser frustrados para as populações desses municípios específicos.

A principal providência é garantir que os projetos das obras de esgoto e tratamento d’água estejam prontos até março do ano que vem. Sem isso, os rios e riachos perenizados seriam um foco de contaminação a carrear mais doenças para as populações que os margeiam, gerando justamente o efeito contrário ao pretendido.

Há um detalhe que às vezes não é acentuado: a transposição significa também melhorar as condições sanitárias das áreas beneficiadas, cuja degradação é responsável por grande parte da mortalidade infantil.

Nunca é demais ressaltar a importância dessa complexa obra (iniciada em 2007, apesar de sonhada ainda no século XIX). Tem tudo para ser um marco divisório entre o antes e depois de sua realização, numa região que só ultimamente vem absorvendo o conceito da convivência com a escassez de chuva, e não mais de um confronto impotente contra a intempérie.

O enfrentamento das condições sociais geradas por esse condicionamento climático seguiu dois roteiros paralelos: o primeiro foi estender uma rede de proteção social e de segurança alimentar para os mais frágeis da sociedade, o que aconteceu por meio do Bolsa Família e de outros programas sociais, complementando os benefícios já trazidos pela aposentadoria rural.

Isso permite, hoje, ao nordestino enfrentar cinco anos seguidos de seca, sem fome, invasões de cidades, saques e desespero, como se via antes.

O segundo foi procurar garantir a segurança hídrica, criando obras estruturais das quais se destaca a transposição do Rio São Francisco. É de supor que, dentro de pouco tempo, seus efeitos deixarão uma marca indelével de orgulho na história nacional.

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